As  Estações de Entrega Voluntária de Inservíveis são mais conhecidos como Ecopontos que são pontos de descarte de matérias que não servem mais, como entulho da construção civil e objetos volumosos o projeto foi criado pela prefeitura do estado de são Paulo com o intuito de acabar com o despejo desses materiais em vias públicas, rios e terrenos baldios, que acabam por gerar problemas de enchentes, saúde pública e oneram o orçamento municipal. Todos os resíduos da construção civil, desde cimento, entulho e tijolo, restos de azulejos e madeiras. Móveis velhos, sobras de poda de árvore e outros materiais podem ser levados aos locais de coleta.

Se você mora na cidade de são Paulo certamente já se deparou com uma “lixeira” do Ecoponto que são aquelas verdes que vemos por determinados locais, os Ecopontos são locais onde a população pode levar os matérias para que tenham o descarte adequado, após o usuário levar até o local os mesmo são depositados em contêineres que são levados durante o decorrer do dia por caminhões aos locais de destino apropriados.
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Apesar de um excelente projeto os Ecopontos ainda são mal divulgados, a grande maioria da população ainda faz o descarte incorreto de determinados matérias, é possível perceber ao longo da cidade inúmeros materiais depositados nas ruas e terrenos baldios onde acabam gerando um terrível impacto a natureza, a iniciativa de fato é valida e extremamente necessária.

Ao visitar o Ecoponto do Jabaquara, zona sul de são Paulo encontramos um funcionário que não quis se identificar mas contou um pouco sobre o funcionamento no dia a dia e o fluxo de pessoas no local, nos contou que antes os matérias eram jogados nos rios e ruas próximos a região e que as pessoas não se preocupavam referente as consequências e impactos no meio ambiente, mencionou que muitos dos matérias eram colocados nas ruas e queimados como forma de “sumir” com eles, já que não havia local para serem depositados corretamente, ao ser questionado sobre a divulgação o funcionário diz que as pessoas conhecem e frequentam bastante o local e não somente do bairro ao qual se localiza mas que vem de longe para poder depositar os matérias.  Ele ainda nos explica que a população não pode descartar pneus, gesso, teia de amianto, lixo eletrônico e lixo hospitalar  e que para estes descartes a locais específicos, o morador tem direito a jogar trinta sacos de entulho por dia e um metro cúbico de madeira, “a madeira é o material que mais trazem aqui, por dia sai mais ou menos uns 28 metros de madeira”  mencionou o funcionário.



As divulgações deveriam ser feitas com mais frequência para que bairros próximos saibam as localizações pois não são em todos os bairros que tem os Ecopontos e como os moradores não sabem dos locais tendem a fazer o descarte incorreto, a senhora Fátima de Freitas moradora do bairro Conceição na  zona sul de São Paulo menciona que apesar de próximo da sua residência ainda não tinha conhecimento do Ecoponto “acho ótimo saber que tem um local para depositar estes objetos tão próximo de casa, mas realmente não tinha conhecimento até agora”  finalizou.
A senhora Cristina que mora  na capital porém em uma região mais afastada complementa dizendo “ acho importantíssimo mas acho que tem que haver mais pontos em mais bairros “

Ao tentarmos contato com a Prefeitura de São Paulo por E-mail, Facebook e através do 156 não obtivemos resposta referente as questões de divulgação.

Veja abaixo a localização de Ecopontos por São Paulo

Zona Sul

Alvarenga: Estrada do Alvarenga, 2.475 - Pedreira

Cupecê: Rua Anália Maria de Jesus, 130 - Cidade Ademar

Santo Dias: Travessa Rosifloras, 301 - Capão Redondo

Parque Fernanda: Av. Dr. Salvador Rocco, 400 - Capão Redondo

Tereza Cristina: Avenida Teresa Cristina, 10 - Ipiranga

Santa Cruz: Rua Santa Cruz, 1452 - Cursino

Alceu Maynard de Araújo: Av. Prof. Alceu Maynard Araújo, 330 - Santo Amaro

Água Espraiada: Viad. Austregésilo de Ataíde (altura da Av. Ver. José Diniz) - Campo Belo

Vicente Rao: Av. Prof. Vicente Ráo, 308 - Campo Belo

Mirandópolis: Av. Sen. Casimiro da Rocha, 1220 – Saúde



Zona Leste

Astarte: Rua Astarte (esquina com a av. Aricanduva) - Carrão

Viaduto Eng.º Alberto Badra: Av. Aricanduva, 180 - Carrão

Nascer do Sol: R. Nascer do Sol, 356 - Cidade Tiradentes

Jardim São Nicolau: R. Agreste de Itabaiana, 590 - Ponte Rasa

Jardim São Paulo: Avenida Utaro Kanai, altura do 300 - Guaianases

Parque Guarani: R. Manuel Alves da Rocha, 584 - Itaquera

Moreira: R. João Batista de Godoy, 1164 - Itaim Paulista

Bresser: Praça Giuseppe Cesari, 54 - Belém

Tatuapé: Av. Salim Farah Maluf, 179 - Tatuapé

Imperador: Av. Ribeirão Itaquera, 201 - Guaianases

Carlito Maia: R. Domingos Fernandes Nobre, 109 - Jardim Helena

Pedro Nunes: R. da Polka, 100 - Vila Jacuí

Penha I: Rua Dr. Heládio, 104 - Penha

Tiquatira: R. Amorim Diniz (na altura da Av. Gov. Carvalho Pinto) - Vila São Geraldo

Gamelinha: R. Morfeu, 25 - Artur Alvim

Cipoaba: R. Padre Luís de Siqueira (altura da av. Rodolfo Pirani) - São Rafael

Anhaia Mello: R. da Prece, 296 - Vila Prudente

São Lucas: R. Florêncio Sanches, 307 - São Lucas

Sapopemba: R. Francesco Usper, 550 - Sapopemba

Vila Cardoso Franco: R. dos Vorás, 25 - Sapopemba

Brás: Rua Palmorino Mônaco x Rua da Moóca (Abaixo do Viad. Prof. Alberto Mesquita de Carvalho) - Brás

Mooca: Av. Pires do Rio x Rua Bresser (Baixo Viad. Bresser) - Mooca

Pari: Av. Carlos de Campos x Pres. Castelo Branco - Pari


Zona Norte

Parque Peruche: Av. Eng. Caetano Álvares, 3142 - Casa Verde

Vila Nova Cachoeirinha: R. Félix Alves Pereira, 113 - Cachoeirinha

Vila Santa Maria: R. André Bolsena (altura da Travessa Luis Sá) - Limão

Casa Verde: R. Zanzibar, 125 - Casa Verde

Bandeirantes: R. Itaiquara, 237 - Freguesia do Ó

Vila Guilherme: R. José Bernardo Pinto, 1480 - Vila Guilherme

Cônego José Salomon: Av. Cônego José Salomon, 861 - Pirituba

Vigário Godói: R. Vigário Godói, 480 - Pirituba

Recanto dos Humildes: R. Sales Gomes, 415 - Perus

Vila Sabrina: Av. do Poeta, 931 – Vila Medeiros

Zona Oeste

Jardim Maria do Carmo: R. Caminho do Engenho, 800 - Vila Sônia

Pinheiros: Praça do Cancioneiro, 15 - Itaim Bibi

Vila Madalena: R. Girassol, 15 – Pinheiros


Centro

Cambuci: Av. do Estado x Av. D. Pedro I x Rua Ibiruba - Cambuci

Glicério: Viaduto do Glicério - Sé

Liberdade: R. Jaceguai, 67 - Liberdade

Armênia: R. Gen. Carmona - Bom Retiro

Barra Funda: R. Sólon (embaixo do Viaduto Eng. Orlando Murgel) - Bom Retiro

Os Ecopontos funcionam  de segunda a sábado, das 6h às 22h, e, aos domingos e feriados, das 6h às 18h , este é um serviço inteiramente gratuito.


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Reportagem, texto e imagens: Leila Aguiar
Segundo pesquisa, apesar do Parque Ibirapuera ser eleito o melhor entre a população, ele é instável quanto a segurança dentro dele.

Imagem: Bárbara Nottari


Em meio a tantos parques em São Paulo, o gosto paulistano com relação ao lazer acaba sendo muito diverso. Com o objetivo de entender melhor os pensamentos da população, elaboramos uma pesquisa em quatro parques diferentes de São Paulo (Ibirapuera, Vila Lobos, Parque do Carmo e o Parque Ecológico) para saber quais parques públicos são mais atrativos e no que eles precisam melhorar.

Os resultados da pesquisa mostram que a grande maioria dos paulistanos e, até mesmo usuários frequentes de outros parques, optaram em escolher pelo o Parque do Ibirapuera na Zona Sul como sendo o melhor parque de São Paulo. Mas, com relação a segurança dentro dos parques, os mais citados entre os usuários foram o Parque Villa Lobos na Zona Oeste e o Parque do Carmo na Zona Leste de São Paulo.

Diante destes resultados, questionamos as pessoas com perguntas a respeito da iniciativa de privatização dentro do Parque do Ibirapuera e do Parque do Carmo, com os benefícios que poderiam ser tragos para eles e para os usuários. Acerca do Parque do Carmo muitos acham que não seja uma boa ideia, pois acreditam que o parque já tem uma boa estrutura e segurança dentro dele e que até mesmo a limpeza do parque é bem feita, mas sobre o Ibirapuera tivemos uma opinião unânime de que a privatização seria a melhor opção para o parque.


Ao buscar por informações dentro do Parque do Ibirapuera, conseguimos conversar com alguns trabalhadores e seguranças que cuidam da manutenção do parque. Quando abordamos os seguranças do parque a respeito da privatização, obtivemos uma resposta positiva sobre o tema, apesar de não quererem se identificar. “A privatização é boa e iria nos beneficiar. Nos finais de semana é uma bagunça, quase não tem mais seguranças aqui e temos sexo ao ar livre dentro do parque.”, diz uma das seguranças. “Semana passada, encontramos até mesmo um corpo de uma jovem, que morreu por overdose na porta do MAM.”.

Um dos trabalhadores do parque ainda completa. “Aqui virou o parque da zona. Quase todos os seguranças foram dispensados do parque, e ainda não tem nenhuma previsão para contratar novos seguranças.” afirma Gustavo de Andrade Sousa. Segundo ele, precisa mudar a estrutura do parque, pois os banheiros estão caindo aos pedaços e aos finais de semana existe muita bagunça entre os jovens, tornando difícil fazer a manutenção e limpeza do parque sem apoio.

Tais eventos não foram divulgados pela mídia, mas conseguimos entender a precariedade que o melhor parque eleito pelos paulistanos está passando a respeito de segurança e manutenção dentro da sua gestão. Para poder entender ainda melhor como seria resolvido esses problemas, buscamos por algum responsável dentro da Prefeitura do Estado de São Paulo que pudesse nos explicar acerca desse assunto, mas não obtivemos respostas para este tema.




Reportagem, texto e imagens: Bárbara Nottari.


Seja bem-vindo ao Ambiência! 

Somos um portal jornalístico sobre meio ambiente escrito por jovens para os jovens que se conectam cada vez mais e estão integrados em rede vivendo as necessidades e problemas das grandes metrópoles. Estas que, por sua vez, pedem por atitudes urgentes e consistentes dos nossos governantes para que o meio seja cuidado com maior cuidado.  E quem vive nesse clima pode viver intensamente o que acontece por perto, fiscalizando e fazendo parte desse sistema. 

É por isso que Ambiência existe: levar próximo das pessoas os fatos, opiniões e matérias que ajude a engajar a todos cada vez mais quanto a esse tema tão importante.

E já é possível ver tudo isso no ar. Queremos e vamos ouvir o que o cidadão tem a dizer, como as suas perspectivas paulistanas dos parques públicos e sua opinião sobre temas delicados. Mostrar o que acontece de legal na cidade, como eventos e exposições. Trazer notícias de relevância de forma didática e direta, sem deixar o lado crítico de lado.

E debateremos também trazendo a visão de especialistas. Na entrevista inicial, a análise sobre o papel da CETESB no estado de São Paulo, com Milton Norio Sogabe, engenheiro há mais de 30 anos na entidade. Ele traz informações importantes que ajudam a entender melhor como funciona a CETESB e seu papel na defesa e controle do meio ambiente no estado.

Por isso, é importante fiscalização constante. Afinal, é a nossa vida, o lugar em que moramos. Fazendo isso de forma bem feita, como Ambiência quer levar ao público, é o objetivo. As grandes metrópoles podem se desenvolver econômica e socialmente sem deixar de cuidar do meio ambiente.

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Fazer o controle e a fiscalização das necessidades do meio ambiente no estado de São Paulo é uma tarefa complexa. A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a CETESB, ligada à Secretaria do Meio Ambiente e ao Governo do Estado de São Paulo, desempenha desde 1968 este papel. Pela grandeza e diversidade do estado, os focos maiores que geram preocupações e atenções da entidade são diferentes dependendo da região. Enquanto que no resto do estado a poluição das águas é a que mais preocupa, na Grande São Paulo o ar é o que possui uma atenção maior. Esse tipo de poluição é muito causada devido a grande frota de veículos nas cidades e do grande acumulo de pessoas.

Milton Norio Sogabe é gerente do setor de projetos especiais na CETESB. Atuando há mais de 30 anos na entidade, conhece como poucos as necessidades do estado em relação ao trabalho desempenhado pela companhia. Norio acredita que o controle vem melhorando a cada ano. 

Engenheiro da CETESB há mais de 30 anos, Norio fala sobre os desafios da entidade no estado. Imagem: Julia Corazza


Em entrevista concedida ao Ambiência na sede da entidade, ele fala dos projetos da CETESB, dos desafios e dos resultados alcançados. Em 2013, ele explica, São Paulo foi o primeiro estado a modificar os padrões de qualidade do ar. "O estado de São Paulo é o estado frente, o estado líder nesse avanço de padrões da qualidade do ar", diz. 

Ele ainda comenta sobre programas de outros níveis de governo, como o extinto ControlAr. Criado pela Prefeitura de São Paulo, o programa fazia a inspeção veicular na cidade com o objetivo de controlar a emissão de gases poluentes. "Programas como o ControlAr tem sua importância na preocupação do sujeito em manter a regulagem do seu carro", comenta.




Confira a entrevista completa


Ambiência: O que é a CETESB e qual a sua função? 
Milton Norio Sogabe: A CETESB é uma companhia de economia mista, onde o estado tem a participação majoritária e tem a função de cuidar de saúde pública através da manutenção da qualidade ambiental. Então, essa é a meta. As vezes o pessoal fala de CETESB como poluição, como isso… não, não. Nós somos uma companhia de saúde pública. Saúde pública através da manutenção de uma qualidade do meio, seja ar, seja água, seja solo. Tem uma lei 997 de 76, com decreto regulamentador dessa lei, que é o decreto 8468, também do mesmo ano de 76. Lá tem todos os porquês. Acabou-se o [instrumento] legal, nós temos que trabalhar em cima disso. Tudo o que é possível fazer tá dentro dessas leis e decretos. Para fechar uma indústria, tem um rito. Tem que fazer isso, tem que fazer aquilo. "Vou te fechar por causa que você isso, você não fez aquilo, não fez aquilo, não fez aquilo outro". Então, tem um rito legal e que nós temos [que seguir], e [com] prazos e tudo mais. Tem uma sustentação legal a existência e funcionamento da CETESB.


A: O cidadão comum pode fazer uma denúncia? Como é o processo?
M: Pode. A CETESB tem uma ouvidoria. Qualquer cidadão pode fazer lá a sua denúncia. Ele vai ser mantido incognito,  tal, tal, tal… e [terá] acompanhamento. Só o ouvidor sabe e o ouvidor presta esclarecimentos.


A: Quais medidas a CETESB adota para o controle da poluição do ar no estado de São Paulo? Como e feito essa análise de poluição?
M: Dentro do estado de São Paulo nós temos algumas regiões metropolitanas: a de São Paulo, Campinas, começa Jundiaí, tem a da Baixada Santista, do Vale do Paraíba, e começa agora um pouquinho Sorocaba e Ribeirão Preto. Onde começa a juntar um monte de gente a gente começa a ter problema de, notadamente, poluição do ar. No resto do estado, o mais sensível, o mais visível, é a parte de águas. E as vezes nem é tão visível. Por exemplo, esse fundo do estado de São Paulo, quase que 60, 70% dos municípios utilizam água subterrânea, então é uma água que você não vê. Aqui, na região metropolitana, é um negócio meio que degringolou, então quase que não [se] usa tanto água subterrânea. Mas é um recurso que tá aí. E, nessas épocas passadas aí, que tivemos toda aquela restrição no uso de água, poderia ser um manancial e tanto, né? Mas aqui a coisa tá meio complicada no uso de água subterrânea dentro da Grande São Paulo. Mas tá aí. () Temos dois grandes rios. Um rio grande, que é o Tietê; tem esse, um afluente importante, o Rio Pinheiros. Aqui nós temos, na Grande São Paulo, digamos assim, o meio que é mais preocupante é o ar. Nós temos a água que deu todo esse problema, mas hoje (…) o meio ar atinge democraticamente um monte de gente. A água atinge quem mora do lado, quem mora próximo (...). O sujeito que mora lá adiante, naquelas colinas maravilhosas, etc, etc. não tem tanto problema, né? Mas quem mora do lado sente o cheiro, sente o problema. O ar, não. O ar ele é meio que, nos grande centros, é meio que democrático. Ele vai no nariz do pobre e vai no nariz do rico. 


"Onde começa a juntar um monte de gente a gente começa a ter problema de, notadamente, poluição do ar"


Então, por exemplo, um grande problema do ar que nós temos é o ozônio, que é um poluente. São três oxigênios, tá? E um dos pontos onde ele dá bastante pico nessa época que vem de agosto até o final de novembro é o Ibirapuera. Então ele dá pico no Ibirapuera em fim de semana e tal. Porque é um poluente que não é emitido dessa forma. Seus precursores são hidrocarbonetos e óxido de nitrogênio. Esses dois debaixo do sol formam o ozônio. Então, esse 'cara' aqui às vezes é emitido há cinco, dez quilômetros no lugar onde te dá o pico disso daqui. Então os dois vão lá, são emitidos lá atrás, se juntam, tomam um solzinho e aí formam o ozônio. E ele vai atuar (...). Mas fala: “ah, mas aqui não tem fonte e tal”. É lógico. Primeiro que não existe fonte de ozônio. Existe fonte do seus precursores. Mas esses precursores não é onde que tem a fonte, é onde que vai haver a formação. Eles precisam serem emitidos, se juntarem e tomar sol, tá? Pra formar o tal desse secundário.

Imagem: Julia Corazza


A: Em relação ao grande número de carros, quanto os veículos influenciam na poluição do ar?
M: Na Grande São Paulo, (...) o carro tem bastante importância. Nós temos uma frota que deve tá aí (...) em torno de 7 milhões de carro na Grande São Paulo. A sorte nossa é que os 7 milhões nunca saem junto. O dia em que sair os 7 milhões juntos, não tem espaço. Vai ficar uma fila, uma atrás do outro… não tem espaço. Então, o que sai, o que circula deve ser uns 4 milhões, em torno disso, por aí. Com picos, dependendo se é férias escolares, se não sei o quê [etc]. Então ela varia no ano, tá? E sua persistência e seu impacto são, digamos assim, maximizado dependendo da condição de dispersão, tá? Então, os dia de pior dispersão, ela não se dispersa. Aquele "troço" fica no ar e a concentração vai aumentar.

A: O ControlAr em São Paulo não existe mais, mas qual a importância desse tipo projeto? O que ele media? 
M: Emissões (hidrocarboneto, monóxido de carbono e mais algumas coisas). Era uma ação só da cidade de São Paulo. Também tirava um pouquinho… porque o que roda em São Paulo é um monte de… 80% talvez, 70% é de São Paulo. Mas tem uns 30% que é de Osasco, São Bernardo, Cajamar, as cidades do entorno. Que são cidades dormitórios e o sujeito vem trabalhar aqui. Mas, então, de qualquer forma, mesmo sendo só na cidade de São Paulo, programas como o ControlAr tem sua importância na preocupação do sujeito em manter a regulagem do seu carro. E o cara fala: “puxa vida, preciso manter regulado que janeiro ou fevereiro” - quando o cara tinha renovação da licença dele, ele tinha que fazer o exame do ControlAr. Então, essa preocupação sempre fazia com quê a massa toda se preocupasse com a manutenção de um certo nível mínimo de queima. 

A: E como a queima de combustível funciona?
M: Combustível é o seguinte: você bota um certa quantidade dentro do seu motor, e ele vai te dar energia de trabalho e energia de perda. Energia de perda é quando você tem uma queima mal feita e você não consegue tirar toda sua energia do combustível. Então, de 100%, você usa 80%, e 20% você perde. Perde por uma queima mal feita, má regulagem, perde por algum outro motivo. Então, o que o ControlAr fazia era de certa forma falar: “você vai economizar no seu combustível tudo o que você colocar ali dentro. Você vai ter a maior eficiência na conversão de energia de trabalho, sem perda”. Então era esse o mecanismo que existia.

Então, tem uma certa quantidade de energia dentro do combustível. O que você faz no processo de combustão é tentar o máximo daquela energia que tá lá no combustível, fazer uma energia de trabalho. Qual o trabalho que você quer? Você quer que rode as rodas e faça o teu carro andar. Essa é tua energia de trabalho. Quando você começa a perder porque tua vela tá ruim, porque o não sei o que não tá rodando, porque o tempo do faiscamento não é correto, e etc, etc. Não existe máquina que você entra com uma certa quantidade e ele vai te entregar 100%. Sempre é, quando é muito bom, 95, 97%. Sempre tem perda. Tem perda por atrito, tem perda por uma série de coisa dentro de um mecanismo tipo motor de carro. Mas o que não pode é, além dessas perdas, você ter outras perdas. Aí começa a aumentar a poluição. Por exemplo, você pega um caminhão. Um cara tá soltando aquele tucho de fumaça preta. Boa parte daquilo lá ele tá perdendo é energia. O cara faz aquilo que chama de abre-lacre… apesar que o ControlAr não tinha caminhão, só carros, mas, nas nossas operações que tem no inverno, a Operação Fumaça Preta, não sei o que, não sei o que lá, justamente para que o caminhão não vá com aquele tuchão de fumaça e etc, etc. Quando o negócio tá eficiente, ele sai a fumaça redondinha (…), não aquele tucho preto.

A: Além da Fumaça Preta, existem outras operações da CETESB que o senhor possa destacar? 
M: Ah, sim. Nessa semana, se você entrar no site da CETESB, tem lá todo um negócio com combustível, tudo mais.



A: Como São Paulo se posiciona em relação ao controle e diminuição da poluição do ar nacionalmente. Quanto a qualidade do ar no estado, a Grande São Paulo é a que mais preocupa?
 
M: Não. Tem um programa que chama PREFE. No ano de 2013, a CETESB inovou em todo o Brasil. Foi a primeira agência a modificar os seus padrões de qualidade do ar. O estado de São Paulo é o estado frente, o estado líder nesse avanço de padrões da qualidade do ar. Com um conjunto de padrões promulgados em 2013. E, nos dois anos seguintes, a gente tá trabalhando em algumas áreas que não atendem ao padrão de 2013. Então, isso a gente vem buscando como meta através de um programa chamado PREFE, que é o Plano de Redução de Emissões de Fontes Estacionárias. 



Imagem: Julia Corazza


A: Quais os efeitos de uma qualidade do ar ruim para as pessoas?
M: A pessoa que mora aqui em São Paulo ele tem sempre problema de respiração, etc. Os asmáticos têm maior problema do que um cara que mora em uma cidade menor. Nem precisa ser grande cientista para perceber isso. (…) É sensível isso. A concentração de pessoas, se num aspecto dá ganhos econômicos, em termos de qualidade fica meio comprometido. São Paulo agora está começando, como todo grande centro, virando um pouquinho de transformação na parte industrial e virando uma cidade de serviços. (…) Hoje, você ganhar, sei lá, R$ 1.600,00 e ter uma vida trabalhando em São Bernardo você vai ter um nível de vida. Se você pega essa mesma fábrica e bota lá em Boituva ganhando os mesmo R$ 1.600,00, o cara vai ter uma vida melhor. Qualidade de vida! E quando você dá ao seu operário uma qualidade de vida melhor, você consegue produções melhores, qualidade melhor, uma série de coisa melhor. (…) Isso é superimportante para a felicidade do sujeito.


A: Como as indústrias se portam para manter os níveis exigidos quanto a qualidade do ar e do trabalho dos funcionários
 
M: Tem duas coisas aí que tem que estar bastante claro. Tem uma parte de qualidade do meio ambiente que tá ligado a área do trabalho. Então, essa daí, por questão legislativa, tem uma outra entidade (que é Delegacia Regional do Trabalho), que cuida. Vamos dizer assim: se o cara é morto lá dentro respirando "etc", é um problema ocupacional. Se a fumaça dele saí da firma dele e começa a afetar alguém fora da fábrica, aí é com a gente. É lógico, toda vez que você melhora o impacto de uma firma fora é porque você tá coletando aquilo lá, você tá tratando aquilo. Ao fazer isso, você melhora a qualidade ocupacional. Então, toda vez que você melhora ou minimiza o impacto no meio ambiente você melhora a qualidade ocupacional. Isso com certeza. A gente observa que melhorou e melhorou bastante. Eu tenho mais de 30 anos trabalhando na área. Então, tinha processos industriais que eram meio apavorante de visitar. E hoje você vê que a coisa tá um pouco melhor. 


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Reportagem, texto e imagens: Alan Alexandrino, Leila Aguiar e Julia Corazza.